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Produção: Aline Nascimento, João Chaves, Junior Gomes, Marina Fávaro, Rean Lima.

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Entre linhas e sonhos: a jornada invisível de Marlene

Aos 72 anos, a diarista percorre Campinas em duas linhas de ônibus que revelam as desigualdades e desafios da metrópole

inda é madrugada, 5 horas da manhã, Marlene Zoratti de Oliveira sai de casa, os passos firmes, o rosto marcado  pelos anos. Ela fecha a porta atrás de si, como quem parte em uma

jornada que já conhece bem, mas que, a cada dia, reserva um novo desafio. O silêncio quase absoluto das ruas do Conjunto Habitacional Vida Nova é interrompido pelo latido dos cachorros e pelo canto dos pássaros. E a escuridão das ruas se mistura com as luzes tênues dos postes, enquanto o vento frio corta o caminho que ela faz há mais de dezessete anos. Dona Marlene se prepara para a travessia: duas linhas de ônibus, duas realidades, uma Campinas que se revela a cada parada. O BRT11 surge como a primeira etapa de sua jornada, e o relógio marca o início da batalha diária. Entre os 429 mil passageiros que utilizam transporte público em Campinas, segundo a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), ela não é apenas mais uma. É a heroína que, ao cruzar a cidade, desafia o tempo, o cansaço e a desigualdade que existem em cada esquina.

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Por: Junior Gomes, João Chaves, Marina Fávaro

Dona Marlene saindo de casa
Dona Marlene indo trabalhar
Dona Marlene sozinha na rua

“Ainda está escuro quando eu saio de casa. É sempre assim, todo dia, mas já me acostumei com essa correria", diz Dona Marlene (Fotos: Junior Gomes)

Ao chegar ao Terminal Vida Nova - de onde parte o BRT11 - Dona Marlene se depara com uma cena cotidiana e familiar: uma fila de pessoas, que se estende ao longo da plataforma, aguardando a saída do ônibus que partirá em alguns minutos. Alguns estão distraídos com os seus celulares e fones de ouvido, outros, com olhares cansados, ainda tentam despertar para mais um dia de trabalho. Muitos ainda seguram as mochilas na frente do corpo com firmeza na tentativa de que esse gesto represente um ato de controle em meio ao início incerto do novo dia. Dona Marlene decide, então, aguardar o próximo BRT11. "O próximo deve chegar nos próximos minutinhos", afirma. Ela ocupa a primeira posição da nova fila que se forma, e retira da bolsa a sua carteirinha de idosa, que já está desgastada pelo tempo e uso constante. O relógio marca 5 horas e 16 minutos, o barulho distante de um motor anuncia a chegada do ônibus, Dona Marlene se prepara e é a primeira a entrar. Sobe as escadas, passa pela catraca, senta no primeiro assento e observa os passageiros entrarem no ônibus, que parte nove minutos depois. 

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Chegando ao terminal do BRT no Conjunto Habitacional Vida Nova (Foto: Junior Gomes)

Enquanto o ônibus segue seu caminho, Dona Marlene se perde em suas lembranças. Ela se vê novamente em Bela Vista do Paraíso, uma pequena cidade do interior do Paraná, próxima a Londrina, onde ela nasceu. Segundo um estudo feito pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), nos anos 60, a cidade possuía 17.372 habitantes, número maior que o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 que aponta a cidade com 14.833 habitantes. Bela Vista do Paraíso era o cenário de uma vida simples, cercada pelo trabalho na roça. Marlene cresceu ajudando os pais na lavoura de café, milho e feijão. “Eu comecei a trabalhar na roça com sete anos, a gente saia da roça, lavava a mão na moringa de barro e ia pra escola”, relembra Marlene. As ruas de terra batida, o som das galinhas no quintal e o cheiro da terra úmida após a chuva formam as memórias de sua infância. A cidade era pequena, todos se conheciam, e as festividades da igreja eram o ponto alto das semanas. Foi em uma dessas festas, numa quermesse em Perobal/PR — que hoje possui pouco mais de 7.189 habitantes, segundo o Censo do IBGE de 2022 — que sua vida tomou um novo rumo.

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Marlene, à esquerda, se formando no ensino fundamental junto com sua irmã (Foto: Junior Gomes)

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Marlene e seu marido, à direita da foto, em Bela Vista do Paraiso, junto com sua mãe, avó, irmã e filhos (Foto: Junior Gomes)

Marlene estava com as amigas, rindo e dançando, quando avistou aquele que mudaria sua história. Um moço, com um sorriso largo e um olhar que transmitia confiança, que estava na quermesse como tantos outros jovens da região. Quando seus olhares se cruzaram, e foi nesse momento que se aproximaram, a conversa fluiu com naturalidade, e o encontro não terminou ali. Nas semanas seguintes, passaram a se encontrar com frequência. Andavam pela cidade, conversando sobre a vida, e iam juntos a outras quermesses. "No dia que comecei a namorar com ele, tinha mais dois me querendo", relembra Marlene com uma risada, "mas eu não quis nenhum deles. A gente é besta, né? Já estava gostando dele sem nem namorar!". Apesar da concorrência, o sentimento entre eles cresceu. Namoraram por dois anos, e, então, decidiram se casar.

O ônibus faz uma curva, balançando levemente, e Dona Marlene é trazida de volta ao presente. As lembranças da mudança para Campinas ainda estavam frescas em sua mente, mas, agora, o cenário é outro. Ela está longe das plantações do Paraná e das quermesses que moldaram sua juventude. Agora, seu desafio diário é enfrentar o trajeto pelas ruas movimentadas da cidade grande.

O BRT-11 avançava pelas ruas de Campinas, e naquele dia o cenário estava diferente do habitual. Embora todos os assentos estivessem ocupados, apenas duas ou três pessoas se equilibravam de pé em silêncio. Entre elas estava Álvaro Ramos, sentado na parte elevada da roda, no chão, pois não havia mais lugares disponíveis. Dona Marlene o observa e sorri em reconhecimento — ele é um rosto conhecido nesse trajeto que percorre diariamente para trabalhar na limpeza de uma empresa no Centro. Quando os assentos acabam, é ali que ele sempre se acomoda, apoiado na lateral quase que em uma rotina improvisada. “Para voltar é ainda pior”, ele comenta com um olhar de cansaço. “O BRT11 fica muito mais lotado, então, às vezes, prefiro pegar a linha 12. É um pouco mais rápido e me poupa um aperto”.

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Seu Álvaro sentado no chão do BRT 11

(Foto: João Chaves)

O relato de Álvaro não surpreende Dona Marlene. Ela sabe bem que, independentemente da linha escolhida, cada volta para casa traz o desafio da superlotação. Naquele dia, porém, a calmaria momentânea era um raro alívio. Ela observa o companheiro de trajeto e reflete sobre como cada passageiro carrega sua própria batalha diária. Com ou sem lotação, cada quilômetro percorrido no BRT11 é parte de um trajeto que une histórias e resistências, como a de seu Álvaro, que se adapta, sempre que necessário, para enfrentar as dificuldades do transporte público na cidade.

A travessia pelo Terminal Central

Ao chegar ao Terminal Central, o relógio marca 6 horas e 2 minutos, Dona Marlene se prepara para descer, pois, a partir dali, esse ônibus segue sem ela. Com passos tranquilos, mas atentos, segue pelo terminal, misturando-se ao fluxo de passageiros que se dispersam em várias direções. Para pegar a próxima condução, sai do terminal e caminha até a Avenida Senador Saraiva, que fica ao lado, onde a linha 397 a espera. A movimentação é intensa, uma multidão que se apressa entre calçadas e plataformas, criando uma sinfonia de passos, vozes e motores. Dona Marlene, segura firme a carteirinha de idosa e observa a fila que começa a se formar. Ao seu redor, rostos desconhecidos se misturam aos que são familiares de outros trabalhadores que, como ela, cruzam a cidade em busca de sustento.

Enquanto espera o próximo ônibus, Dona Marlene aproveita o breve momento de pausa para retomar suas lembranças. Ela recorda o início de sua vida em Campinas, ao lado do marido e dos cinco filhos pequenos, em uma casa simples, no fundo da casa da sogra, no bairro Santa Lúcia. Vieram para Campinas em busca de novas oportunidades de trabalho. Não foi fácil, mas ali, aos poucos, foram construindo uma rotina. Marlene, que já tinha habilidades com a costura, passou a ganhar algum dinheiro fazendo roupas para vizinhos e conhecidos, enquanto o marido trabalhava como motorista para pequenas empresas da região.

O tempo passava e as demandas aumentavam. Entre costuras e cuidados com as crianças, Marlene viu-se obrigada a ampliar os horizontes. Decidiu trabalhar como diarista, um emprego que oferecia um dinheiro a mais e permitia que ajudasse no sustento da família. As viagens para o trabalho sempre foram longas, mas o que importava era que, no fim do dia, havia algo a oferecer aos filhos, pois ela sabia que cada sacrifício era um passo rumo à casa própria e a uma vida mais estável para a família. Segundo o Sindicato das/os Trabalhadoras/es Domésticas/os de Campinas e Região, há cerca de 28 mil pessoas trabalhando como doméstica/o na cidade, e estima-se que apenas 23% possuam carteira assinada.

Dona Marlene se lembra de como gosta do trabalho na casa onde atua atualmente, descrevendo-a como “uma bênção”. Ali, se sente acolhida e valorizada, destacando a bondade da patroa e o ambiente harmonioso com as colegas. O trabalho é constante e organizado: nas segundas-feiras, começa pelo quintal e pela churrasqueira, onde precisa remover os 

Trajeto que Dona Marlene percorre de ônibus

(Animação: Junior Gomes)

vestígios dos churrascos de domingo. Em seguida, organiza o espaço externo e parte para os quartos, onde troca todas as roupas de cama e banho, levando-as à lavanderia.

"Eu tiro todas as roupas da cama, de banho, e desço lá pra baixo, que ele [o patrão] leva pra lavanderia,” explica. A rotina segue em equipe — uma cozinheira que vem de São José dos Campos e mora na casa durante a semana, outra colaboradora que chega diariamente do bairro Florence e uma faxineira que trabalha às quintas. Cada uma tem seu papel, mas todas colaboram, mantendo tudo impecável e ordenado.

Dona Marlene observa a fila que se forma aos poucos na calçada. O sol já começa a iluminar a cidade, aquecendo as ruas ainda despertando, e ela sente o peso de cada ano trabalhado. Ajeita a bolsa no ombro, respira fundo enquanto se prepara para o próximo desafio: a linha 397, que a levará até o bairro Gramado, seu destino final. Depois de 15 minutos que desceu do último ônibus, o 397 aparece no horizonte, franzindo os olhos, pergunta: “você consegue enxergar se é o nosso?”.

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“O dia que eu mais amo é domingo, quando meus filhos, netos e bisnetos enchem a casa. É risada e alegria pra todo lado", diz Dona Marlene (Foto: Junior Gomes)

Entre apertos e risadas

Em poucos minutos, o ônibus se aproxima, e já da calçada é possível perceber a superlotação. Mal as portas se abrem, uma massa de pessoas se apressa para entrar, espremendo-se em disputa por qualquer espaço disponível. Lá dentro, o ar é abafado, pesado, quase palpável, e cada movimento exige esforço. Ombro contra ombro, cotovelos tentando se firmar nas barras de apoio, e um empurra-empurra silencioso em busca de equilíbrio. Ninguém consegue sequer se mexer, quanto mais respirar fundo. Um calor crescente envolve todos, enquanto o ônibus parte com os corpos compactados, cada um se segurando da maneira que consegue para suportar o aperto sufocante daquela viagem.

Apesar do sufoco, do ar pesado e dos corpos comprimidos, o clima dentro do ônibus era surpreendentemente leve. Riam e trocavam piadas como velhos amigos. E entre os passageiros estava o carismático “Montanha” — ninguém sabia seu nome verdadeiro, e ele mesmo nunca revelou, mas todos o chamavam assim. De rosto largo e sorriso fácil, Montanha trabalha como exumador no cemitério Parque Flamboyant, e aquela linha é sua única opção para chegar ao trabalho, já que apenas o 397 passava perto do cemitério.

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'Montanha' em pé, à direita, encostado na janela do 397 lotado (Foto: João Chaves)

Montanha conhecia quase todos os passageiros pelo nome e mantinha o humor em alta, mesmo com o ônibus superlotado. “Ô, Seu Almiro! Hoje está fácil, hein? Só falta pendurar uns do lado de fora!”, brincou gritando o nome do motorista que já trabalha nessa linha desde 1997, e arrancando risos da maioria dos passageiros que ainda tentavam se acomodar, já que havia gente em pé até nas escadas da porta de entrada do ônibus. Entre um empurra-empurra e uma risada, o 397 seguia viagem. Mesmo com os 13.289 passageiros que transporta diariamente, segundo a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), o ônibus parecia um ponto de encontro para aqueles que, como Dona Marlene e Montanha, compartilhavam suas rotinas e suas histórias em cada viagem.

​Almiro da Silva Costa, ou “Seu Miro” para os passageiros, além de um motorista experiente, gosta de uma boa conversa. Mesmo com a correria do dia a dia e o aperto do ônibus, sempre encontra tempo para trocar um “bom dia” ou um “bom trabalho” com os passageiros. Conhece boa parte deles pelo nome, transformando o ambiente em um espaço receptivo e próximo apesar do caos e da rotina corrida de cada um. Entre o vai e vem de quem entra e sai, ele parece fazer do 397 — a primeira e única linha que assumiu desde que entrou na Cooperativa Cotalcamp, que presta serviço para Emdec no transporte público de Campinas —, um ponto de encontro familiar e caloroso para os trabalhadores. Quando perguntado sobre a quantidade de pessoas no ônibus — com nove passageiros antes da catraca, por exemplo —, Seu Miro explica que sempre foi assim. “Outros motoristas tentaram fazer essa linha e desistiram, mas eu permaneço”, relata com um sorriso e olhos fixos no percurso. Ele comenta, olhando para trás e encarando a superlotação do transporte, que “as patroas ficaram mais exigentes após a pandemia de Covid-19, então muitas empregadas domésticas não têm escolha e precisam chegar cedo, sem atrasos”.

Seguindo a mesma rotina, Nair Marcelino anda sempre próxima de Seu Miro, espremida devido às condições que não a permitem viajar sentada e, em um primeiro momento, sequer passar pela catraca, se contentando ao permanecer em pé, no segundo degrau, se escorando como dá, e mostrando firmeza nos braços ao se segurar nas barras de sustentação, aguentando os trancos das curvas e frenagens. Ela, que começou a trabalhar como doméstica há dois anos nessa mesma região do Gramado, pois, antes disso trabalhava com higiene hospitalar na área da saúde, agora viaja diariamente pelo mesmo trajeto ao lado de rostos conhecidos, como os de  Dona Marlene, Montanha e Miro. Com semblante enérgico e inquieto a caminho do trabalho, Nair relembra que nem sempre os planos andam nos conformes. “Eu mesma várias vezes já fiquei para trás porque não tem condição de entrar”, se referindo à superlotação constante do 397. Além disso, Nair comenta que os passageiros enfrentam diariamente os mesmos desafios descritos por Dona Marlene. Para eles, o horário dos ônibus é uma promessa incerta, que se dissolve entre atrasos e esperas prolongadas. E, quando um ônibus quebra no meio do trajeto, a reposição quase nunca chega, deixando todos à mercê do imprevisto.

 

Em uma conversa no podcast "Cidadania ditada pelo CEP", o arquiteto e urbanista João Verde lançou um olhar crítico sobre as conexões entre habitação, emprego e transporte público em Campinas. “Se é um lugar onde tem muita habitação e não tem emprego, você tem que fomentar o emprego, favorecer empresas a se instalarem lá, oferecer emprego para que as pessoas que moram lá não precisem sair de lá. Vão fazer menos peso no transporte público, porque quem precisar usar o transporte público vai ter que ter um transporte público de qualidade: limpo, bem arrumado, seguro, e as pessoas vão usar.” Palavras que, como o trajeto de Dona Marlene, convidam a refletir sobre os passos ainda não dados na jornada pela igualdade urbana em Campinas.

Enquanto o ônibus balança e Dona Marlene se segura com firmeza no corrimão, pensa em como a vida a trouxe até aqui. Lembra-se do longo caminho para conquistar a casa própria, um sonho que carregava desde que se mudou para Campinas, em 1976. Após anos de trabalho como diarista, guardando cada centavo que podia, Marlene e o marido finalmente conseguiram comprar um pequeno terreno no Conjunto Habitacional Vida Nova, há cerca de 28 anos. Foi uma conquista suada, e a construção da casa veio aos poucos: nos finais de semana e feriados, com ela própria ajudando a carregar cimento e fazer massa. Mesmo depois da morte do marido em 1998, Marlene continuou a obra sozinha, cada parede erguida com o esforço das suas mãos.

 

Hoje, a casa simples é seu lar, o ponto de encontro que sempre sonhou para a família. É ali que, todos os domingos, os cinco filhos, sete netos e os três bisnetos se reúnem ao redor da mesa. É o dia que mais ama, quando as vozes e risadas enchem cada canto da casa, revivendo a alegria e a união que lutou tanto para preservar.

 

Ainda de pé, equilibrando-se no ônibus cheio, Dona Marlene sente um calor no peito ao pensar nos almoços de domingo, onde cada prato, cada história e cada abraço é uma recompensa por todos os anos de luta. O ônibus se aproxima do seu destino, mas ela sabe que, ao fim de cada jornada, sempre poderá voltar ao lugar que construiu com amor e determinação, rodeada por aqueles que mais importam: sua família.

“Cada sacrifício que fiz foi pensando nos meus filhos, pra dar a eles o que eu não tive”, diz Dona Marlene (Fotos: Junior Gomes)

O ônibus vai se esvaziando aos poucos, e quase no final do trajeto consegue um lugar para sentar. A cidade desperta lentamente, mas ali, no interior do ônibus, os passageiros seguem cada qual em seu destino, deixando para trás o peso do trajeto compartilhado. Dona Marlene observa as cadeiras ficando vazias e, em um último suspiro de cansaço e determinação, segura sua bolsa firme e se prepara para descer.

 

O relógio já marca 6 horas e 43 minutos, e ao pisar no bairro Gramado, é como se entrasse em outro mundo: o cenário muda drasticamente. Cercada por muros altos e imponentes dos condomínios, caminha por ruas silenciosas, onde o som abafado de seus passos se perde entre as fachadas luxuosas. Ali, parece que o tempo corre em um ritmo diferente, distante das histórias e das vidas que ela encontra todos os dias no ônibus.

 

E, mesmo em meio ao contraste entre esses dois mundos — o da periferia e o dos muros fechados —, segue em frente, sua presença firme e cheia de propósito. Cada passo é um lembrete da sua própria história de resistência, construída em meio ao trabalho árduo, à luta pela família e ao amor pelos seus. Ela sabe que, ao final do dia, retornará para o lar que construiu com as próprias mãos, para os domingos cheios de vida, para os rostos queridos que a aguardam.

 

Dona Marlene desaparece na paisagem, mas sua jornada — invisível para muitos — é, na verdade, a força silenciosa que move a cidade.

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Interaja com o trajeto de Dona Marlene

(Foto: Junior Gomes)

Instruções:

Partida

Chegada

Marlene

Trajeto

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Programado por Joyce Gomes

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